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A Genética pode explicar até 25% do comportamento entre pessoas do mesmo sexo, revela novo estudo.
Mesmo assim, cientistas afirmam que apenas os genes não podem prever quem será gay, bi ou heterossexual.
Pessoas que tiveram parceiros do mesmo sexo são mais propensas a ter um ou mais de certos marcadores de DNA, de acordo com a maior pesquisa já feita por genes ligados à orientação sexual. Mesmo todos os marcadores juntos, no entanto, não podem prever se uma pessoa é gay, bissexual ou heterossexual. Em vez disso, centenas ou milhares de genes, cada um com pequenos efeitos, aparentemente influenciam o comportamento sexual.
O artigo, publicado hoje na Science, baseia-se nos resultados apresentados pela mesma equipe em 2018. O estudo publicado enfatiza que os marcadores genéticos não podem ser usados para prever o comportamento sexual.
Ainda assim, o trabalho está sendo aclamado como a evidência mais sólida até o momento ligando marcadores genéticos específicos ao comportamento sexual de pessoas do mesmo sexo. Contudo, o psicólogo Michael Bailey, que não participou do estudo, diz que “Pela primeira vez podemos dizer sem dúvida razoável que alguns genes influenciam a propensão a ter parceiros do mesmo sexo”, da Universidade de Northwestern em Evanston, Illinois.
A partir da década de 1990, os cientistas relataram evidências provisórias de ligações genéticas à orientação sexual. Nos últimos anos, enormes conjuntos de dados com DNA de centenas de milhares de pessoas tornaram possíveis estudos muito mais poderosos.
Para explorar a genética por trás do comportamento sexual, uma equipe internacional co-liderada pelo geneticista Benjamin Neale do instututo Broad em Cambridge, Massachusetts, usou o Biobank, um estudo de saúde de longo prazo de 500.000 britânicos. A equipe trabalhou com cientistas comportamentais e também consultou grupos de defesas de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e LGBTQ.
A equipe de Neale examinou marcadores de DNA e dados de pesquisas de comportamento sexual preenchidas por cerca de 409.000 participantes do Biobank do Reino Unido e cerca de 69.000 clientes do 23andMe, o serviço de testes ao consumidor; todos eram de ascendência europeia. A pesquisa do Biobank perguntou: “Você já teve relações sexuais com alguém do mesmo sexo?”; a pesquisa da 23andMe apresentou uma pergunta semelhante. A equipe encontrou cinco marcadores genéticos significativamente associados a responder sim a essas perguntas. Dois marcadores foram compartilhados por homens e mulheres, dois foram específicos para homens e um foi encontrado apenas em mulheres.
Uma das variantes genéticas estava perto de genes associados à calvície masculina, sugerindo uma ligação com hormônios sexuais como a testosterona, e outra estava em uma área rica em genes olfativos, que têm sido associados à atração sexual. Quando os pesquisadores combinaram todas as variantes que mediram em todo o genoma, eles estimaram que a genética pode explicar entre 8% e 25% do comportamento não heterossexual. O resto, dizem eles, é explicado por influências ambientais, que podem variar de exposição hormonal no útero a influências sociais mais tarde na vida, mas os cinco marcadores de DNA encontrados explicaram menos de 1% desse comportamento, assim como outra análise que incluiu mais marcadores com efeitos menores.
Como acontece com outros traços comportamentais, como personalidade, por exemplo, não existe um único “gene gay”, diz Andrea Ganna, membro da equipe Broad. Em vez disso, o comportamento sexual do mesmo sexo parece ser influenciado por talvez centenas ou milhares de genes, cada um com efeitos minúsculos.
Como os pesquisadores relataram, eles também descobriram que as pessoas com esses marcadores eram mais abertas a novas experiências, mais propensas a usar maconha e com maior risco de doenças mentais, como depressão.
As pessoas LGBTQ podem ser mais suscetíveis a doenças mentais por causa de pressões sociais, observam os pesquisadores.
Outros pesquisadores alertam que as descobertas são limitadas pelo fato de que uma pessoa que teve uma única experiência com o mesmo sexo foi contada como não heterossexual. Ter apenas um desses encontros, por exemplo, pode refletir uma abertura para novas experiências em vez de orientação sexual, diz Dean Hamer, geneticista aposentado do National Institutes of Health em Bethesda, Maryland. “Estas são descobertas fascinantes, mas não é realmente um estudo de gene gay em si”, diz Hamer, que em 1993 relatou ter encontrado uma área no cromossomo X que era mais comum em homens gays; essa região não foi encontrada no novo estudo. “Agora estou muito menos animado com a possibilidade de obter boas pistas biológicas” para a orientação sexual, diz ele.
Bailey deseja que o Biobank do Reino Unido tivesse perguntado aos participantes por qual sexo eles se sentem mais atraídos, não apenas sobre seu comportamento (como fez a 23andMe). “Eles não tinham uma medida particularmente boa de orientação sexual”, concorda o biólogo evolucionista William Rice, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, que observa que essa pergunta também capturaria pessoas gays ou bissexuais que não agiram em suas atrações.
Ainda assim, ele está feliz em ver o estudo recebendo atenção. “Uma grande parte da população” não é exclusivamente heterossexual, observa ele, e “eles querem entender quem são e por que se sentem assim”.
Fonte: https://www.science.org/content/article/genetics-may-explain-25-same-sex-behavior-giant-analysis-reveals